Possibilidades de contribuições científicas foram debatidas durante painel na Conferência Nacional sobre Mudança Climática
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) avalia propor um pavilhão da ciência para a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025. As sugestões, ideias e possibilidades de contribuição foram debatidas nesta quinta-feira (20) em painel da 1a Conferência Nacional sobre Mudança do Clima, promovida pela Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas (Rede Clima).
De acordo com o secretário interino de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Osvaldo Moraes, a pasta ministerial deve criar um grupo de trabalho para avaliar e propor ações para a Conferência do Clima da ONU. Entre as possibilidades está a criação de um pavilhão dedicado ao debate de grandes questões científicas climáticas que estão na fronteira do conhecimento. Entre as possíveis perguntas estão os impactos que a mudança climática pode ter sobre a Amazônia, e a incorporação das ciências sociais aos modelos matemáticos que executam projeções de impactos. “Essas são algumas perguntas instigantes”, disse Moraes.
A secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, destacou que a COP30 não deve ser pensada apenas como um evento com duração de duas semanas, mas como um processo que já se iniciou e vai se estender por um ano a partir do momento em que o Brasil assumir a presidência, em 2025. “Nosso papel como futuro presidente já começou”, explicou sobre a atuação da troika, que reúne as presidências dos Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão e Brasil. Ela destacou ainda agendas estabelecidas no âmbito da Convenção e que devem ter o processo de negociação mais intenso durante a presidência brasileira, como os temas de transição justa, adaptação e investimentos privados.
O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, André Côrrea do Lago, reforçou que a COP30 já começou e relatou que há uma expectativa internacional sobre a presidência brasileira, que acontecerá imediatamente após ocupar as presidências do G20 e do BRICS. Segundo ele, para o Brasil realizar uma Conferência do Clima na Amazônia tem um elemento importante em reconhecer a principal fonte de emissões do país, que é oriunda do desmatamento. Contudo, ressalvou que o país tem um perfil diferente de emissões dos demais grandes países em desenvolvimento e do próprio G20 e tem reduzido o desmatamento. “Se todo o desmatamento do mundo for parado amanhã, não resolveremos o problema da crise do clima porque é menos de 10% das emissões. O problema são os [combustíveis] fósseis, que são mais de 70% das emissões”, complementou. Lago também destacou a importância de evento para debater os grandes desafios brasileiros com relação à mudança do clima.
Entre os encaminhamentos da Conferência, a Rede Clima deve criar um grupo de trabalho direcionado a apresentar propostas para a COP30.
Assista abaixo a integra do terceiro dia de Conferência.