Mais de 40 terras ocupadas por indígenas foram afetadas pelas chamas. Veja também algumas estatísticas e medidas anunciadas pelo governo
Um incêndio de grandes proporções no Mato Grosso atinge a Terra Indígena Capoto Jarina e o Parque Indígena do Xingu, entre os municípios de São José do Xingu e São Félix do Araguaia, a 931 km e 1.159 km de Cuiabá, respectivamente. Um ‘paredão’ de fogo e fumaça foi observado nesta quinta-feira (12).
Mais de 40 terras indígenas foram afetadas pelas chamas, de acordo com a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). O estado possui 46 povos indígenas e 86 terras indígenas, organizados em sete regionais, distribuídos pelos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Mato Grosso lidera o ranking de áreas queimadas no Brasil em 2024, concentrando 21% do total, com 2,3 milhões de hectares consumidos pelo fogo entre janeiro e agosto deste ano.
Biomas e dados nacionais
Em agosto, o Cerrado foi o bioma com a maior área queimada, somando 2,4 milhões de hectares, ou 43% do total no Brasil no período. A Amazônia ficou em segundo lugar, com 2 milhões de hectares queimados.
No Pantanal, a área queimada entre janeiro e agosto de 2023 aumentou 249% em comparação com a média dos cinco anos anteriores. Foram queimados 1,22 milhão de hectares, 874 mil a mais que a média – sendo que 52% desse total foi destruído em agosto. Os 648 mil hectares consumidos pelas chamas nesse mês representam a maior área queimada registrada no bioma em agosto, segundo o Monitor do Fogo.
Os incêndios no Brasil atingiram 11,39 milhões de hectares de janeiro a agosto de 2024, conforme o Monitor do Fogo MapBiomas. Desse total, 5,65 milhões de hectares foram queimados apenas em agosto, representando 49% do total.
Medidas do governo
O presidente Lula anunciou, nesta terça-feira (10/9) em Manaus (AM), a criação de uma Autoridade Climática e de um Comitê Técnico-Científico para apoiar e coordenar as ações do governo federal no combate à mudança climática.
Nesta semana, também foi assinado o decreto que regulamenta a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que define as responsabilidades do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e do Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Federal (Ciman).
O comitê será formado por ministérios, pelo Ibama, ICMBio, organizações da sociedade civil, representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais, entre outros. Ele será responsável por atividades consultivas e deliberativas de articulação, além de propor mecanismos para a detecção e controle dos incêndios florestais, e acompanhar as demandas referentes ao combate aos incêndios.
O Ciman tem a função de monitorar e articular ações de prevenção, controle e combate aos incêndios florestais, incluindo o monitoramento e a instalação de uma sala de situação para o acompanhamento das operações.
Entre as medidas anunciadas em Manaus está a antecipação do pagamento do Bolsa Família para 17 de setembro, primeiro dia do calendário, beneficiando 656 mil famílias no Amazonas. Também foram lançados editais para quatro obras de dragagem de manutenção nos rios Amazonas e Solimões, com um investimento de R$ 500 milhões em cinco anos para garantir a navegabilidade e o escoamento de insumos.
De acordo com o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, coordenado pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, há atualmente 1.418 reconhecimentos vigentes de situação de emergência ou calamidade pública, entre eles, 22 municípios do Amazonas.
O governo federal está atuando em 2024 com 1.468 brigadistas do Ibama e do ICMBio na Amazônia Legal, incluindo cerca de 200 no estado do Amazonas. Até 9 de setembro, cerca de 65% dos 226 incêndios registrados na Amazônia foram extintos ou controlados, segundo boletim semanal divulgado pelo MMA (com informações da Secom e da Casa Civil).
Brasil247