Enquanto o governador Marcos Rocha (UB) desfila pelas alamedas internacionais da COP29, discursando sobre seus supostos esforços hercúleos em prol da restauração florestal, aqui em Rondônia a realidade pinta um quadro bem menos glamouroso – e bem mais enfumaçado.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), que deveria ser o bastião de políticas ambientais, parece estar ocupada em aperfeiçoar sua arte de esconder dados e justificar gastos (g)astronômicos, tudo regado a um molho de comissionados e diárias vultosas.
Parece que, para o governo estadual, cuidar do meio ambiente é sinônimo de viagens, festas e sigilos.
Sim, sigilos! Porque nada grita mais “transparência” do que ocultar informações sobre os passeios internacionais do governador, do vice e da alta cúpula da Sedam.
Afinal, o público não precisa saber o que eles estão fazendo – ou não fazendo – em nome da Amazônia.
O “greenwashing”, para quem não está familiarizado com o termo, é uma estratégia marota utilizada por empresas (e governos) para fingir que estão comprometidos com o meio ambiente enquanto suas práticas contam outra história.
E a história contada pelos números de Rondônia é implacável: desmatamento crescente, crise hídrica, queimadas sufocantes, e uma capital que ficou mais de um mês sem pousos e decolagens no aeroporto internacional por conta da fumaça.
Enquanto o governador posa de ambientalista global, os cofres públicos sustentam mais de 500 servidores comissionados na Sedam e meio milhão de reais em diárias para a “turma do andar de cima”. Só neste ano!
Será que esses investimentos têm gerado resultados concretos? Se geraram, ninguém viu.
A Sedam tem sido tão diligente em esconder dados quanto em acumular passagens e diárias.
Pesquisadores e cientistas, relegados ao papel de Cassandra nesse cenário apocalíptico, já alertaram: a secretaria gasta mal e gasta muito. O “muito” é mensurável, mas o “mal” é simplesmente vergonhoso.
Para piorar, pedidos de acesso a informações básicas, como áreas embargadas e dados sobre criminosos ambientais, são recusados com uma desenvoltura que faria inveja ao mais obstinado dos burocratas.
Enquanto isso, no dia exato em que sua assessoria tenta pintar Marcos Rocha como o messias da restauração florestal, Rondônia vai afundando num pesadelo de fumaça, cinzas e árvores tombadas.
“Não seria mais produtivo – ou ao menos honesto – admitir que o único “avanço” ambiental deste governo é o avanço da destruição?”, indagou a liderança indígena Adriano Karipuna.
“A COP29 pode ser um belo palco para discursos floreados, mas aqui em Rondônia o espetáculo é outro: o show da omissão e da opacidade”, registrou o especialista em Gestão Ambiental e integrante da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Edjales Benício.
“Embora o inverno amazônico já tenha começado em Rondônia, muitas comunidades tradicionais ainda enfrentam uma grave crise hídrica. Em várias regiões, os rios estão sem água suficiente, prejudicando o sustento das populações ribeirinhas. Essa situação é resultado do desmatamento desenfreado nas margens dos rios, que destrói as matas ciliares responsáveis por proteger e manter a qualidade e a quantidade da água natural.
Além disso, nos últimos três meses, enfrentamos queimadas e incêndios criminosos que causaram impactos devastadores. A fumaça dessas queimadas tem adoecido inúmeras pessoas, que inalaram partículas tóxicas, enquanto pouco se fala sobre essa tragédia que afeta diretamente a saúde e o bem-estar das populações.
Estamos em meio a uma crise silenciosa, que combina a falta de água, a degradação ambiental e as consequências diretas para a saúde das comunidades. É essencial dar visibilidade a esses problemas e agir com urgência para preservar nossos rios, proteger nossas comunidades e combater os crimes ambientais que seguem impunes.” Finalizou Adriano Karipuna.
Palmas para o governo estadual, o verdadeiro mestre em transformar o futuro da Amazônia em um incêndio mal apagado – com passagens internacionais incluídas no pacote.
Em se tratando da natureza, não a perca em que se planta, o que estamos vendo nas questões ambientais é a colheita!